Quando se fala em energia geotérmica, é comum pensar em países com vulcões ou atividade sísmica intensa, como Islândia ou Nova Zelândia. Mas o que pouca gente sabe é que o Brasil possui mais de 2 milhões de poços geotérmicos rasos, usados para aquecimento de piscinas, estufas agrícolas e até sistemas urbanos de climatização, especialmente nas regiões Sul e Sudeste.
O que é energia geotérmica e como o Brasil usa?
A energia geotérmica é gerada pelo calor natural da terra. No Brasil, ela não é usada para gerar eletricidade em larga escala (como em países vulcânicos), mas tem um uso importante na forma de energia térmica de baixa entalpia, ou seja, em sistemas que aproveitam o calor subterrâneo em profundidades rasas — geralmente entre 30 e 100 metros.
Segundo dados da ANEEL e levantamentos técnicos regionais, esse calor é usado em:
- Piscinas termais e aquecidas: muito comuns em cidades como Caldas Novas (GO), Águas de Lindóia (SP) e Gravatal (SC);
- Estufas agrícolas: especialmente em Santa Catarina e Paraná, para manter temperatura estável e favorecer o crescimento de hortaliças e flores em regiões frias;
- Sistemas de aquecimento urbano: em hotéis, spas e centros de saúde que utilizam poços termais para abastecimento de água quente e calefação.
É energia renovável?
Sim. A geotermia rasa é uma fonte de energia limpa e renovável, pois não depende de queima de combustíveis fósseis e tem emissão quase nula de gases de efeito estufa. Além disso, sua operação é contínua, estável e independente das variações do clima — diferente da solar ou eólica.
Contudo, ela ainda é pouco explorada como política energética nacional, em parte por falta de incentivos, regulação específica e visibilidade pública.
Por que importa?
O Brasil pode ter uma vantagem competitiva nesse campo, especialmente em regiões com aquíferos termais e temperaturas do subsolo favoráveis. A popularização de sistemas geotérmicos pode ampliar o uso de energia limpa em hotéis, escolas, estufas e até casas populares, reduzindo o consumo de eletricidade e promovendo eficiência energética.
Conclusão
A energia geotérmica no Brasil ainda é uma joia escondida. Usada de forma discreta em mais de 2 milhões de instalações, ela mostra que a diversificação da matriz energética passa também por reconhecer e aproveitar fontes locais, silenciosas e sustentáveis — mesmo que não estejam sob os holofotes.