Com a COP30 marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), o Brasil assume um protagonismo inédito na discussão sobre energia, clima e justiça socioambiental. A escolha de sediar o evento na Amazônia destaca tanto o potencial do país na transição energética quanto os dilemas que emergem ao conciliar desenvolvimento, conservação e expectativa global.
Por que a COP30 em Belém é estratégica para o setor de energia?
Matriz elétrica quase 90% renovável
Com 87–90% da matriz elétrica proveniente de fontes renováveis — hidroelétrica, eólica, solar e biomassa — o Brasil se posiciona como um modelo para países em desenvolvimento.
Amazônia como palco simbólico
A conferência ocorrerá em Belém, o portal da Amazônia, ressaltando a ligação intrínseca entre clima, biodiversidade e energia — acentuando as perguntas que ecoarão sobre exploração e desmatamento.
Justiça climática e energética
A agenda da COP30 envolve garantir transição justa: com foco em financiamento climático para países do Sul global, proteção a empregos e comunidades vulneráveis — especialmente no Norte e Nordeste.
O que o setor de energia deve antecipar
- Financiamento robusto para renováveis e GD
Um comitê ligado à COP30, reunindo empresas e APS, está preparando propostas para expansão rápida das fontes limpas — solar, eólica, hidrelétricas menores e armazenamento (BESS) — além de acelerar a geração distribuída. - Eficiência energética intensificada
O diretor-geral da IRENA destacou que o Brasil é estratégico para dobrar a eficiência energética globalmente, e espera-se que a COP30 impulse metas para aceleração dessa agenda. - Entrada das big techs na transição
Discussões sobre reduzir o consumo energético da Inteligência Artificial e data centers estarão na pauta — integrando tecnologia e sustentabilidade na COP30. - Estratégia internacional no G20
Como presidente do G20, o Brasil tem articulado políticas que englobam hidrogênio verde, bioeconomia e mercado de carbono. A COP30 será uma extensão dessa agenda global.
Principais desafios à vista
- Equilíbrio Norte–Sul
A COP30 precisa equalizar interesses entre economias desenvolvidas (que impõem metas rígidas) e países em desenvolvimento (que argumentam por mais apoio financeiro e tecnológico). - Expectativas sociais e indígenas
A sociedade civil, organizada em comitês, pede espaço e influência nas negociações, reforçando o caráter inclusivo da COP30 — e não apenas diplomático .
Conclusão
A COP30 em Belém representa um marco para a transição energética do Brasil. Trata-se de uma oportunidade para consolidar liderança nas fontes renováveis, eficiência energética e mercado de carbono — além de reforçar o compromisso com justiça social e preservação da Amazônia.
Para o setor de energia, esse momento é decisivo: define o alinhamento com normas internacionais, direciona investimentos, e reforça o entendimento de que tecnologia e ESG caminham juntos — especialmente em uma economia que busca crescer sem abrir mão da proteção ambiental.