Por trás das grandes mudanças no setor de energia brasileiro há uma força crescente, criativa e determinada: os estudantes. Jovens de universidades, institutos federais e escolas técnicas estão deixando de ser apenas espectadores da transição energética para se tornarem protagonistas dela.
E suas ideias, protótipos e projetos já começam a impactar de verdade o futuro da geração, transmissão, distribuição e consumo de energia no país. É dessa nova geração que surgirão as soluções para os desafios energéticos do Brasil e do mundo.

Monitoramento Inteligente de Consumo com IoT e Big Data
Em universidades como UNICAMP, estudantes criam plataformas que usam sensores de Internet das Coisas (IoT) para monitorar e otimizar o consumo de energia em tempo real em prédios públicos, indústrias e campi universitários.
Com dashboards interativos e análise de dados via machine learning, os projetos ajudam a reduzir desperdícios e aumentar a eficiência — habilidades que já são exigidas por empresas do setor.
SENAI-RN e captura de CO₂ na biomassa
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI‑ER), em Natal, está instalando uma planta piloto de recirculação química para captura de CO₂ de processos de combustão de biomassa. Com tecnologia trazida da Espanha, a estrutura inédita na América Latina converte resíduos orgânicos em energia limpa com retenção de carbono.
Esse projeto inovador está em fase avançada de comissionamento, formando profissionais e preparando o terreno para aplicação industrial — abrindo caminho para o Rio Grande do Norte se tornar um polo de referência em captura e utilização de carbono (CCUS).
Pesquisa em Armazenamento e Novas Baterias
Grupos de iniciação científica investigam alternativas ao lítio, como sódio e grafeno, e formas de reciclagem de baterias industriais — tema estratégico com potencial para abastecer veículos elétricos e sistemas de armazenamento de larga escala (BESS).
O avanço da energia solar e eólica depende diretamente dessas tecnologias — e os jovens pesquisadores brasileiros já contribuem para colocar o país na vanguarda desse debate global.
Energia Limpa e Sustentável em Escolas
A Secretaria da Educação da Bahia (SEC), em parceria com a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), lançou o projeto que instalará sistemas fotovoltaicos em 156 escolas de tempo integral
O investimento total é de mais de R$ 131 milhões, com potência instalada de aproximadamente 47 000 kWp. Inicialmente, quatro sistemas já estão operando em escolas em Ibicoara e Salvador, com outras 38 unidades em construção e 4 em licitação.
Bioenergia e Economia Circular
O projeto “Vamos dar um Gás”, coordenado por estudantes e professores da Politécnica/UFRJ, instalou um biodigestor em escola da Baixada Fluminense (Magé-RJ), transformando cerca de 1,5 tonelada de resíduos orgânicos por mês em biogás e fertilizante.
Por que esses projetos importam tanto?
Impacto real: Muitos saem do papel e viram soluções práticas aplicadas em escolas, bairros e indústrias.
Formação diferenciada: Participar desses projetos forma profissionais mais completos, com visão técnica e social — diferencial para o mercado.
Abertura de portas: Vários desses estudantes já foram convidados para estágios, empregos e até programas de inovação aberta de empresas como Neoenergia, Enel e Petrobras.
Inspiração nacional: Os projetos ganham prêmios, aparecem em congressos e mostram que a energia do futuro nasce agora — nas mãos da juventude brasileira.
Como participar dessa revolução energética?
- Inscreva-se em grupos de pesquisa, empresas júniors, capítulos estudantis ou ligas acadêmicas de energia;
- Participe de maratonas de inovação (hackathons) de energia promovidas por empresas e universidades;
- Busque editais de financiamento de projetos estudantis (como CNPq, FAPESP, FINEP);
- Integre redes como a Comunidade Energy Pool, que conecta jovens profissionais.
A transformação do setor energético brasileiro passa pela sala de aula e pelos laboratórios universitários. Os projetos desenvolvidos por estudantes já mostram potencial real de impacto no mercado, na sociedade e na construção de uma matriz energética mais limpa, justa e inovadora. Para o Brasil liderar a transição energética global, apostar nesses talentos é fundamental.