O armazenamento de energia por baterias (BESS – Battery Energy Storage System) tem ganhado espaço no Brasil como solução estratégica para lidar com a intermitência das fontes renováveis, melhorar a estabilidade da rede e apoiar a transição energética. Mas afinal, como funciona uma planta BESS na prática?
Estrutura e funcionamento de um BESS
Uma planta de armazenamento por baterias é composta por:
- Módulos de baterias, geralmente de íon-lítio, que armazenam energia elétrica;
- Inversores, responsáveis por converter a energia em corrente contínua (CC) para alternada (CA) e vice-versa;
- Sistema de gerenciamento de energia (EMS), que controla o carregamento e descarregamento das baterias com base na demanda e na disponibilidade;
- Sistemas de climatização e segurança, para manter a temperatura e o funcionamento ideal;
- Interface com a rede elétrica, permitindo que o sistema injete ou absorva energia conforme necessário.
Quando e por que a energia é armazenada
As plantas BESS armazenam energia em horários de baixa demanda ou alta geração (por exemplo, ao meio-dia em usinas solares) e devolvem essa energia à rede durante os picos de consumo, como no início da noite. Isso evita sobrecarga na rede, reduz perdas e diminui o acionamento de usinas térmicas, que são mais poluentes.
Casos reais no Brasil
- Neoenergia (RN): projeto-piloto em parceria com a Aneel no semiárido potiguar, integrando energia solar com armazenamento para fornecer eletricidade em comunidades remotas.
- Enel Green Power (CE): testes com baterias em parques solares para estudar a viabilidade de operação híbrida com despacho controlado.
- Cemig e Copel também testam soluções BESS para suporte à rede em áreas com instabilidade no fornecimento.
Desafios e perspectivas
Embora promissoras, as plantas de baterias ainda enfrentam barreiras no Brasil:
- Custo elevado de instalação e manutenção;
- Falta de regulação específica para BESS no sistema elétrico nacional;
- Necessidade de nacionalização de tecnologia e capacitação técnica.
Por outro lado, a tendência é de avanço rápido, com queda nos preços das baterias, novos modelos de negócios e leilões de energia com incentivo ao armazenamento — como já acontece em países como Austrália, EUA e Chile.
Conclusão
Plantas de armazenamento de energia por baterias representam uma peça-chave no futuro do sistema elétrico brasileiro. Elas garantem maior flexibilidade, eficiência e segurança energética, especialmente em um cenário de crescente participação das fontes renováveis. À medida que o marco regulatório avança e a tecnologia se torna mais acessível, o Brasil deve ampliar sua capacidade de armazenamento, transformando o modo como geramos, consumimos e gerenciamos energia.