A Energia da Biomassa: Do Agronegócio à Geração de Eletricidade e Biocombustíveis

A energia de biomassa no Brasil faz parte da base da matriz energética renovável e se destaca por integrar de forma eficiente o agronegócio com a geração de eletricidade e combustíveis. Em 2023, o setor agropecuário contribuiu com cerca de 32,7% da matriz energética nacional — cerca de 102,7 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP), impulsionado por cana-de-açúcar, eucalipto, óleo de soja, sebo bovino e resíduos agrícolas.

Fonte: Gruppo AB — “How energy production works in a biomass plant”

Matriz elétrica e geração com biomassa

Em 2023, a biomassa foi a terceira maior fonte de eletricidade do país, respondendo por quase 5% da geração (≈53,9 TWh), um crescimento de 4% em relação a 2022. Esse montante representa cerca de 15 % da geração térmica, complementando a hidráulica e solidificando a firmeza da matriz elétrica.

Principais fontes e aproveitamento

O destaque é o bagaço da cana-de-açúcar, responsável por 12,4 GW de capacidade instalada em mais de 400 usinas. Além da cogeração, entram em cena lenha, carvão vegetal e resíduos florestais; já o biogás, obtido de vinhaça, esterco e resíduos industriais e urbanos, ganha espaço como combustível limpo.

Benefícios ambientais e econômicos

A biomassa é renovável, barata, contribui para a reciclagem de resíduos e pode ajudar na captura de carbono via manejo florestal sustentável. O setor também gera empregos em toda a cadeia — agro, indústria, transporte, operação e manutenção — fortalecendo a bioeconomia.

Bioenergia e biocombustíveis

O etanol (cana e milho) e o biodiesel são pilares dos biocombustíveis sustentáveis. A EPE prevê expansão da demanda de biodiesel a 6,7% ao ano até 2032, com volume chegando a 12 bilhões de litros. O etanol cresce não apenas no setor automotivo, mas também na bioeletricidade via óleo vegetal e resíduos .

Fonte: COGEN 2019

Desafios e potencial de expansão

Embora já expressivo, o setor ainda tem espaço para crescer. O Brasil possui 17,4 GW de capacidade de cogeração e pode alcançar até 151 GWh/ano com pleno aproveitamento do potencial estimado. Isso permitiria reduzir a dependência de combustíveis fósseis, especialmente em períodos de escassez hídrica.

A logística, os custos de investimento e os desafios regulatórios ainda são barreiras, mas a adoção de políticas que incentivem a comercialização dos excedentes no mercado livre — como a proposta da Cogen — pode acelerar o crescimento do setor.

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