Cibersegurança energética: o novo desafio para redes inteligentes e digitalização do setor

A digitalização do setor elétrico está transformando a maneira como a energia é gerada, distribuída e consumida. Com a implementação de redes inteligentes (Smart Grids), sistemas de automação, sensores conectados via IoT e algoritmos de inteligência artificial, o setor entra em uma nova era — mais eficiente, descentralizada e interativa. No entanto, esse avanço também expõe vulnerabilidades críticas: a cibersegurança energética se torna agora um dos principais desafios técnicos e estratégicos do setor.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Ministério de Minas e Energia (MME), 2025 já registra aumento expressivo no número de alertas de tentativas de invasões digitais, com foco em sistemas SCADA (controle e supervisão remota), subestações automatizadas e até plataformas de geração distribuída.

O que está em risco?

  • Interrupções no fornecimento de energia causadas por sabotagem de sistemas operacionais;
  • Sequestro de dados críticos, comprometendo a operação de empresas e a privacidade de consumidores;
  • Desorganização do despacho de energia por ataques aos sistemas de controle e previsão;
  • Vazamento de informações de consumo e falhas sistêmicas em redes interligadas.

Ataques cibernéticos bem-sucedidos ao setor elétrico já aconteceram em outros países, como na Ucrânia (2015) e nos EUA (2021), demonstrando o alto impacto dessas ações sobre a infraestrutura crítica nacional. No Brasil, o crescimento da geração distribuída, o uso de medidores inteligentes e a gestão remota de ativos demandam uma proteção digital à altura do novo cenário.

Como o setor está reagindo?

  • Investimentos em soluções baseadas em IA para detecção de anomalias e respostas automatizadas;
  • Criação de Centros de Operações de Segurança (SOC) específicos para o setor energético;
  • Revisão da regulação: a ANEEL estuda novas exigências de compliance digital e de certificações em segurança da informação;
  • Capacitação de profissionais: cursos técnicos, MBAs e programas de extensão voltados à segurança cibernética aplicada ao setor elétrico têm ganhado força em instituições como SENAI, UFRJ e UFPE.

E o papel dos profissionais?

A demanda por analistas de cibersegurança, engenheiros de redes, especialistas em OT/IT Security e consultores em governança digital está crescendo rapidamente no setor elétrico. Para estudantes e profissionais em início de carreira, a segurança energética digital representa uma nova fronteira de especialização — estratégica, bem remunerada e essencial para a resiliência do sistema.

A digitalização trouxe ganhos expressivos de eficiência ao setor elétrico, mas também abriu portas para novas ameaças. Em 2025, cibersegurança não é mais um tema restrito à TI — é um fator decisivo para a continuidade e a confiabilidade do fornecimento de energia no Brasil. Fortalecer a infraestrutura digital, preparar talentos e integrar regulação, tecnologia e gestão de riscos é o caminho para garantir um sistema elétrico moderno, seguro e resiliente.

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