Como o Brasil se tornou um dos líderes mundiais em energia eólica?

O Brasil acaba de atingir uma marca histórica no cenário energético mundial: ultrapassou a Espanha e assumiu o 5º lugar global em capacidade instalada de energia eólica onshore, com mais de 35 GW operacionais, segundo dados do Global Wind Energy Council (GWEC, 2025). Esse feito coloca o país entre as maiores potências eólicas do mundo — ao lado de China, EUA, Alemanha e Índia — e comprova a força crescente das energias renováveis na matriz elétrica brasileira.

O que explica essa ascensão?

A trajetória da energia eólica no Brasil é fruto de um conjunto de fatores estratégicos e naturais. Desde 2009, o país passou a realizar leilões específicos para contratar projetos eólicos, criando previsibilidade regulatória e atraindo investimentos nacionais e internacionais. O avanço da tecnologia, a queda no custo dos aerogeradores e o desenvolvimento de uma cadeia produtiva nacional também impulsionaram o setor.

No campo natural, o Brasil conta com um dos melhores regimes de vento do mundo — principalmente na região Nordeste. Estados como Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Piauí concentram os maiores complexos eólicos do país, com fator de capacidade médio acima de 40%, superior à média global. Isso significa que os parques eólicos brasileiros conseguem gerar mais energia por turbina instalada, com menor necessidade de backup térmico.

Fonte: Aneel/ABEólica.

Impactos e benefícios

Esse crescimento trouxe benefícios diretos para a matriz elétrica nacional e para o desenvolvimento regional. A energia eólica é limpa, renovável e tem baixa emissão de gases de efeito estufa. Sua expansão tem contribuído para diversificar a matriz, reduzir a dependência hídrica e garantir segurança energética em períodos de estiagem.

No aspecto econômico, a instalação de parques eólicos gerou milhares de empregos, promoveu a industrialização local de componentes (como pás e torres) e atraiu polos logísticos e de inovação para cidades antes afastadas dos grandes centros industriais.

Desafios e próximos passos

Apesar dos avanços, o setor enfrenta novos desafios em 2025. A saturação da rede de transmissão em algumas regiões do Nordeste limita a conexão de novos parques. Além disso, o modelo de financiamento e as incertezas regulatórias quanto à remuneração das usinas no pós-leilão ainda geram preocupações para investidores.

Outro ponto importante é o início da transição para a energia eólica offshore, com os primeiros projetos licenciados no RN e no Ceará, e a aprovação da Lei nº 15.097/2025, que estabelece o marco regulatório para a geração em alto-mar.

Conclusão

A energia eólica já é uma das maiores fontes da matriz elétrica brasileira — e o reconhecimento internacional reforça o papel do Brasil como potência em renováveis. Para estudantes e profissionais do setor, entender essa trajetória e acompanhar os próximos desdobramentos, como offshore e sistemas híbridos com armazenamento, é essencial para se posicionar num mercado em plena evolução.

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