Apesar de pouco explorada em comparação a outras fontes renováveis, a energia das ondas (ou energia undimotriz) representa um campo promissor na matriz energética brasileira — especialmente considerando o extenso litoral do país, com mais de 7.300 km de costa e alto potencial energético.
O movimento das ondas pode ser convertido em eletricidade por meio de sistemas mecânicos e hidráulicos flutuantes instalados em alto-mar ou próximos à costa. Esses dispositivos captam a energia cinética das ondas e a convertem em energia elétrica, com baixíssimo impacto ambiental direto.
Projetos em andamento no Brasil
Projeto da Coppe/UFRJ (Rio de Janeiro)
A Coppe/Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ desenvolveu o primeiro protótipo funcional de conversor de energia das ondas na América Latina. O projeto, instalado no Porto do Pecém (CE), começou os testes em 2012 e hoje serve como base para novos aprimoramentos. O sistema funciona com boias articuladas conectadas a geradores hidráulicos.
Parcerias em Pernambuco
Pesquisadores da UFPE, em parceria com a Chesf e outras instituições, analisam há anos o potencial de implantação de tecnologia undimotriz na costa nordestina. O foco está em desenvolver tecnologias mais acessíveis e adaptadas às condições do litoral brasileiro.
Iniciativas privadas e startups
Nos últimos anos, startups brasileiras como a BlueEnergy vêm explorando parcerias com universidades e centros de pesquisa para viabilizar soluções híbridas que integrem energia das ondas com solar e eólica offshore.
Desafios e perspectivas
A energia das ondas ainda enfrenta desafios técnicos e econômicos, como a alta complexidade de manutenção no ambiente marinho, os custos de implantação e a falta de incentivos regulatórios específicos no Brasil. No entanto, o avanço de tecnologias offshore e a busca por diversificação energética têm incentivado novas pesquisas, especialmente em sinergia com parques eólicos offshore.
Segundo a EPE, o Brasil possui um potencial estimado em até 87 GW de energia das ondas, mas ainda não incorporado na matriz elétrica oficial. A expectativa é que, com os avanços regulatórios como a Lei nº 15.097/2025 (marco da eólica offshore), também haja mais espaço para testar soluções integradas com outras fontes marítimas.
Conclusão
Embora ainda em fase inicial, a energia das ondas começa a ganhar espaço nas discussões sobre o futuro energético brasileiro. O desenvolvimento de novos projetos e o fortalecimento da pesquisa aplicada são passos fundamentais para transformar essa fonte limpa e abundante em realidade comercial nos próximos anos.