Com o avanço da transição energética e a urgência de soluções sustentáveis para o manejo de resíduos, o Brasil começa a ampliar seus projetos de geração de energia elétrica a partir de lixo urbano. A tecnologia, já consolidada em países como Japão, Alemanha e Suécia, ganha força por aqui como alternativa para reduzir a sobrecarga nos aterros sanitários e diversificar a matriz elétrica nacional.
Segundo dados da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), o potencial brasileiro de geração elétrica a partir de resíduos sólidos urbanos (RSU) pode ultrapassar 3 GW até 2040 — o suficiente para abastecer uma cidade do porte de Brasília. A meta é ambiciosa, mas já começa a sair do papel com projetos em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco e Distrito Federal.
Como funciona?
A conversão de lixo em energia pode ocorrer por diferentes tecnologias, sendo a mais comum a incineração controlada com reaproveitamento térmico. Nesse processo, os resíduos são queimados em câmaras fechadas e o calor gerado move turbinas para produção de eletricidade. O sistema é controlado com filtros e sistemas de limpeza de gases, atendendo às exigências ambientais e sanitárias.
Outras abordagens incluem biodigestão anaeróbica (usada para resíduos orgânicos), que produz biogás, e gaseificação, ainda em fase experimental no país.
Vantagens ambientais e sociais
Essa solução contribui duplamente para a sustentabilidade: reduz o volume de resíduos enviados aos aterros e gera energia com menor emissão de gases de efeito estufa, se comparada a fontes fósseis. Além disso, a implantação de usinas de recuperação energética pode criar empregos, impulsionar a economia circular e modernizar a gestão pública de resíduos.
Com os avanços tecnológicos e a necessidade de reduzir a pressão sobre os sistemas urbanos, a energia do lixo aparece como uma solução complementar às fontes renováveis tradicionais, especialmente nas regiões metropolitanas com alto volume de resíduos.