O Brasil acaba de dar um passo inédito rumo à diversificação de tecnologias eólicas com o desenvolvimento do primeiro gerador eólico de eixo vertical em grande escala do país. O projeto é resultado de uma colaboração entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o SENAI de Santa Catarina, com foco em aplicações tanto urbanas quanto offshore.
Diferente dos modelos tradicionais de turbinas de eixo horizontal — predominantes em parques eólicos —, esse novo modelo vertical promete maior estabilidade, menor impacto acústico e flexibilidade para operar em ambientes com restrições de espaço ou ruído, como zonas costeiras, áreas urbanas e até plataformas marítimas.
O que são turbinas eólicas verticais?
As turbinas de eixo vertical (ou VAWT, na sigla em inglês) possuem pás que giram em torno de um eixo vertical, ao contrário das turbinas convencionais que se orientam com o vento. Elas oferecem várias vantagens:
- Captam vento em múltiplas direções, dispensando mecanismos de orientação;
- Menor emissão de ruído, tornando-se ideais para áreas urbanas e sensíveis;
- Menor impacto visual, com design mais compacto;
- Operam melhor em ventos turbulentos ou com variação constante.
Apesar dessas qualidades, seu uso em larga escala ainda é limitado — e é justamente essa barreira que o projeto brasileiro busca superar.
O que o projeto propõe?
O protótipo brasileiro visa desenvolver turbinas verticais de grande porte, com capacidade de geração robusta, viabilidade econômica e adaptabilidade para:
- Centros urbanos, com alta densidade populacional e limitações acústicas;
- Instalações offshore, onde a estabilidade e simplicidade de manutenção fazem diferença;
- Infraestruturas modulares, como plataformas, embarcações e edifícios.
Segundo os pesquisadores envolvidos, o objetivo é criar um modelo nacional competitivo, com tecnologia própria e potencial de fabricação em escala — algo que ainda não existe nem mesmo nos maiores mercados eólicos do mundo.
Por que isso importa para o Brasil?
O país tem grande expertise em energia eólica onshore (em terra), mas ainda carece de diversificação tecnológica e de soluções adaptadas a ambientes urbanos e marítimos. A inovação com turbinas verticais pode:
- Ampliar o alcance da energia renovável para novos cenários;
- Impulsionar o desenvolvimento tecnológico nacional;
- Reduzir a dependência de tecnologias importadas;
- Gerar oportunidades industriais e de capacitação em regiões urbanas.
Além disso, é uma estratégia alinhada com as metas de descarbonização e aumento da geração distribuída.
Conclusão
O desenvolvimento do primeiro gerador eólico vertical de grande porte no Brasil representa uma inovação promissora para o futuro da energia limpa. Unindo pesquisa acadêmica e aplicação industrial, o projeto abre portas para uma nova geração de turbinas adaptáveis, silenciosas e mais versáteis — ampliando os horizontes da matriz eólica nacional.