O avanço das tecnologias de armazenamento de energia promete transformar não só o setor de mobilidade elétrica, mas também a estabilidade e eficiência das redes de energia globais. As baterias, que antes eram vistas como simples acumuladores de carga para dispositivos móveis, agora ocupam papel central no futuro da transição energética mundial.
No segmento automotivo, as pesquisas mais recentes indicam que as baterias de íon-lítio ainda dominam o mercado de veículos elétricos (VE), mas novas gerações já estão em desenvolvimento. Entre elas estão as baterias de estado sólido, que prometem maior densidade energética, maior autonomia e tempos de recarga significativamente menores. Essas inovações podem fazer com que os VEs se tornem mais acessíveis, seguros e duráveis, eliminando um dos principais obstáculos para a popularização da mobilidade elétrica.
No setor de energia, o papel das baterias se amplia para além dos veículos. Elas já são parte fundamental dos projetos de integração de fontes renováveis, como solar e eólica, que dependem de soluções de armazenamento eficientes para garantir fornecimento contínuo, mesmo em dias nublados ou sem vento. Sistemas de baterias em larga escala estão sendo testados e instalados em vários países, inclusive no Brasil, para viabilizar a chamada “energia despachável” a partir de fontes intermitentes.
Os chamados BESS (Battery Energy Storage Systems) — ou Sistemas de Armazenamento de Energia em Bateria — já são considerados fundamentais para a estabilidade e eficiência das redes de energia do futuro.

Esses sistemas funcionam como grandes “reservatórios” de energia elétrica, capazes de armazenar o excedente gerado por fontes renováveis (como solar e eólica) e disponibilizá-lo quando a demanda cresce ou a geração é insuficiente — como em períodos noturnos ou de baixa incidência de vento. Na prática, isso resolve um dos principais desafios da transição energética: a intermitência das fontes limpas.
Além de garantir um fornecimento contínuo, os BESS também ajudam a evitar sobrecargas, melhorar a qualidade da energia entregue e reduzir o uso de usinas termoelétricas em horários de pico, o que representa economia e menor emissão de gases de efeito estufa.
Empresas no Brasil já estão testando projetos piloto de BESS em larga escala, especialmente em regiões com alta penetração de energia renovável, como o Nordeste. Nos próximos anos, a expectativa é que esses sistemas se tornem parte integrante das subestações elétricas e dos projetos de geração distribuída.
Por outro lado, o alto custo inicial, a necessidade de normas regulatórias específicas e os desafios logísticos (como transporte e descarte de baterias) ainda limitam a rápida expansão dessas soluções — embora o avanço tecnológico e a queda no preço das baterias sinalizem um futuro promissor para os BESS no Brasil.