O mercado brasileiro de combustíveis atravessa um momento de estabilidade e expectativa de crescimento moderado, impulsionado por sinais de recuperação da economia, aumento da produção agrícola e retomada gradual da atividade industrial. O óleo diesel, combustível essencial para o transporte de cargas e insumo estratégico do agronegócio, deve continuar sendo o grande protagonista nesse cenário. As projeções indicam aumento de 2,4% na demanda em 2025, seguido por uma expansão de 2,8% em 2026, reflexo direto do crescimento do PIB, do avanço nas safras de grãos e da movimentação robusta no transporte rodoviário de mercadorias. Essa tendência positiva se mantém mesmo com a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de estabilizar o teor de biodiesel misturado ao diesel fóssil em 14%, porcentagem que assegura o papel relevante dos biocombustíveis na matriz energética brasileira.
No segmento dos combustíveis leves, a expectativa também aponta para uma retomada, ainda que mais modesta. O consumo de gasolina C e etanol hidratado, que compõem o chamado ciclo Otto, deve apresentar crescimento de 0,8% em 2025 e de 1,0% no ano seguinte. Esse leve avanço se apoia na melhoria do poder de compra das famílias, no aumento gradual da frota de veículos leves e na intensificação dos deslocamentos urbanos. O etanol hidratado, em especial, pode ganhar espaço caso se confirmem as boas estimativas para a safra de cana-de-açúcar, o que contribuiria para preços competitivos nas bombas e maior atratividade frente à gasolina.
Por sua vez, o consumo de querosene de aviação (QAV) tende a se manter em patamares regulares, acompanhando o ritmo de recuperação do setor aéreo nacional. Já o gás liquefeito de petróleo (GLP), tradicionalmente presente nas residências brasileiras, poderá ter sua demanda sustentada por medidas de apoio social, como a ampliação do auxílio gás e a possível isenção do Imposto de Renda para rendas de até cinco mil reais mensais. Esses fatores ajudam a preservar o consumo entre as famílias de menor poder aquisitivo, mantendo a estabilidade desse mercado.
Apesar das previsões otimistas, o setor ainda enfrenta incertezas importantes que merecem atenção. Entre elas, estão a volatilidade dos preços internacionais do petróleo, que afetam diretamente os custos de importação de derivados, e as variações cambiais, que podem pressionar os preços internos. Além disso, fatores climáticos, como o risco de queimadas em canaviais ou alterações na produção agrícola, podem impactar a oferta de matéria-prima para biocombustíveis, influenciando a competitividade do etanol e do biodiesel. Por fim, mudanças regulatórias ligadas à política de mistura de biocombustíveis ou a exigências ambientais mais rígidas também podem alterar o cenário atual.
O panorama traçado para o biênio 2025-2026 aponta, portanto, para um mercado de combustíveis brasileiro em expansão moderada, com destaque para o diesel, que seguirá sustentando a logística nacional. O ciclo Otto deve apresentar leve recuperação, enquanto QAV e GLP mantêm estabilidade, dependendo da evolução do cenário econômico e das políticas públicas de apoio à população. Esse contexto reforça o papel estratégico do Brasil no desenvolvimento de biocombustíveis e na transição para uma matriz energética mais sustentável, além de sinalizar a consolidação do setor como vetor relevante para o crescimento econômico do país nos próximos anos.
Para conferir os detalhes técnicos e os dados completos das projeções, o relatório oficial da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) está disponível nos Dados abertos da EPE.